Em arquitetura, Basílica é um grande espaço coberto, cuja origem remonta à Grécia helenística. O seu modelo foi largamente desenvolvido pelos romanos, sendo mais tarde adotado como modelo para os templos cristãos.
Pelo conjunto da arquitetura, afrescos do forro, azulejos portugueses, os altares, adornados com prataria, vasos e belos detalhes banhados a ouro, a Basílica do Senhor Bom Jesus de Iguape pode ser considerada o maior patrimônio do “neoclássico” paulista.
Considerado um dos mais belos templos do Litoral Paulista, a Basílica do Senhor Bom Jesus de Iguape foi construída de 1787 a 1856, de mão comum pelo povo da Vila de Iguape, e também pelos escravos cedidos pelos senhores do arroz que fizeram a riqueza iguapense nos séculos XVIII e XIX. De enormes dimensões e elevada altura, foi inteiramente edificada de pedra e cal dos sambaquis, com óleo de baleia e detalhes em cantaria.
No teto da nave principal podem ser admiradas magníficas pinturas executadas, entre os anos de 1924 a 1926, pelos artistas italianos Ernesto Thomazi e João Thomazi, pintores paulistas de talento reconhecido em seu tempo. O altar-mor, entalhado em madeira, tem colunas de sustentação que seguem o modelo dos capitéis coríntios. Seu interior é ricamente ornamentado com antigas estatuárias de diversos santos, destacando-se as imagens do Senhor Bom Jesus e de Nossa Senhora das Neves. As imagens foram transferidas da antiga igreja de Nossa Senhora das Neves, demolida em 1858 (que se localizava onde atualmente existe o jardim público). Existe uma cripta no subsolo da nave principal onde ainda se encontram os restos mortais de alguns clérigos e de membros da comunidade religiosa (tradição da época).
Na sacristia, chama a atenção o imenso quadro de autoria do pintor iguapense Trajano Vaz representando o encontro da imagem do Bom Jesus na praia de Una. Também nos impressiona a gigantesca estátua do Cristo esculpida em um único tronco de cedro, tendo apenas os braços ajustados, um belo trabalho de entalhe em madeira executado pelo escultor Godofredo Thaler, de Treze Tílias (SC). A imagem possui 4,30 metros de altura e é a maior já feita pelo escultor. A curiosidade fica por conta da pequena estátua do Cristo crucificado localizada acima do arcaz da sacristia, considerada uma das peças mais valiosas do templo, pois suas linhas perpendiculares contrastam com as peças do barroco paulista de linhas retas. Acredita-se que seria um raro exemplar com origem no barroco mineiro.
Na nave lateral direita, encontramos a Sala dos Milagres, que possui objetos deixados pelos devotos em agradecimento as graças recebidas
Missas diárias são celebradas no templo, contando sempre com expressivo número de fiéis. Em 1962, a igreja foi elevada pelo papa João XXIII à categoria de Basílica Menor.
(Texto: Roberto Fortes e Luciano Nunes)